Claude Piron

O Europeu trilingue - uma esperança realista?


(Um texto seu traduzido e adaptado de um artigo editado em Esperanto na revista “Oomoto” n.° 437, 1995)


Em toda a Europa, muitas vozes se fazem ouvir a favor de um trilinguismo generalizado. É necessário, dizem-nos, que o ensino das línguas vise fazer de cada jovem europeu um cidadão trilingue. Mas que quer dizer trilingue? Será dominar a fundo duas línguas para além da própria língua materna? O linguista Claude Hagège define este nível do seguinte modo: "Para mim, conhecer perfeitamente uma língua, é ser capaz de apreender jogos de palavras debitadas num tom muito rápido por utentes nativos, e falá-la sem ser identificado como um estrangeiro" (1) e conclui dizendo: "o número de verdadeiros bilingues (...) é bastante reduzido". De facto, este nível de bilinguismo implica circunstâncias excepcionais, como ter dois pais de língua diferente ou fazer o percurso escolar numa outra língua que não a familiar. Meras estadas linguísticas no estrangeiro não são suficientes. Pessoalmente, vivi cinco anos nos Estados Unidos, trabalho muito em inglês, ensinei mesmo em São Francisco State University, mas nunca passarei por anglófono, e se for ver uma comédia musical americana, estou longe de apreender todas as subtilezas.


Um cruzamento complexo de programas


Uma língua, é um cruzamento complexo de programas, no sentido informático, cujo desenrolar é constantemente inibido por centenas de milhares de programas secundários ou terciários que interferem com os primeiros. Não nos damos conta, porque a aquisição da nossa língua materna fez-se inconscientemente, numa idade onde nada nos permitia suspeitar da amplitude do trabalho singular que os nossos neurónios efectuavam. Para exprimir-se correctamente, é necessário bloquear incessantemente os caminhos neuropsicológicos naturais. Por exemplo, se se quiser resumir num adjectivo a ideia "que não se pode resolver", o jogo espontâneo do cérebro conduz a irresolúvel. Mas é necessário barrar este caminho e instalar o desvio que leva a insolúvel. Outro exemplo: a Sra. Cristina del Moral propôs-se esta manhã citar várias vezes o número de "parleurs" ("faladores") de tal ou tal língua. O seu francês era notável, mas sobre este ponto preciso a inclinação natural prevaleceu sobre o seu conhecimento da nossa língua: "parleur" ("falador") é a forma à qual conduzem directamente os mecanismos cerebrais para exprimir a ideia que a linguagem correcta designa pela palavra locuteur (locutor). E quando o estrangeiro que aprende francês assimilou os reflexos «en hiver», «j'y pense» e «biologiste», deve inibi-los: não se diz «en printemps» (diz-se: au primtemps), «je lui pense» (je pense à lui) e «psychologiste» (psychologue). O fluxo nervoso não pode seguir o seu movimento natural, que o leva a exprimir os conceitos paralelos por formas paralelas.


A nossa tendência natural é generalizar qualquer traço linguístico. Se todas as crianças dizem mais bom antes de dizerem melhor, é porque generalizam a estrutura mais bonita, mais forte, mais pequeno, etc. Aprender uma língua consiste em se descondicionar dos reflexos da sua língua materna, reintroduzir no cérebro uma série de reflexos diferentes e seguidamente inibir uma percentagem muito elevada destes para poder chegar a uma forma de expressão correcta que vai contra a tendência espontânea à generalização. O inglês que fala português deve saber que não pode dizer, como na sua língua, eu canto/vós canto. Deve integrar o reflexo que faz dizer vós cantais. Mas uma vez este reflexo instaurado, deve introduzir, para certos verbos, um reflexo que vai inibi-lo. Deve colocar um sentido proibitivo à frente de vós fazais, vós dizais, e um desvio que conduz a vós fazeis, vós dizeis. Mas após instalado este desvio, é necessário recomeçar o trabalho com ler. Ele foi orientado por um caminho que conduz a vós leis. Erro, diz-se vós ledes. É óbvio que aprender uma língua europeia, é sobrepor várias camadas de reflexos umas às outras. Digo reflexo porque não é suficiente ter compreendido e ter memorizado. Se temos que reflectir, percorrer todas as fichas e todos os processos classificados na memória para encontrar a forma correcta, não se fala correntemente. É o meu dilema quando preciso falar russo. Embora tenha milhares de horas de prática de russo atrás de mim, devo escolher entre falar correctamente, mas lentamente, num ritmo desbastado, brusco, penoso e com um enorme cansaço nervoso, ou falar correntemente, mas fazendo rir a todos, tão ridículas podem ser as minhas falhas.


Um mínimo de 10 mil horas


São necessárias pelo menos 10.000 horas de estudo e de prática para fixar as centenas de milhares de reflexos necessários, cujo número é irredutível. Ora, o ensino da primeira língua estrangeira compreende no total entre 800 e 1200 horas de cursos, conforme o país. Não é por conseguinte surpreendente que a nível do secundário, apenas 1 aluno em 100 seja capaz de exprimir-se correctamente na primeira língua estrangeira aprendida. De 800 a 1200 horas, é um décimo do que seria necessário. Se se quer que os alunos possuam duas línguas estrangeiras, é necessário multiplicar por vinte o número actual de horas de curso.


Foi neste sentido que o Luxemburgo optou. Na escola básica, das 27 horas de lições semanais, 12 são consagradas a duas línguas estrangeiras: o alemão e o francês, ou seja, cerca de 3000 horas para os seis anos do básico. Como o estudo das línguas prossegue a nível secundário, o Luxemburgo dispõe certamente de uma população trilingue, mas os Luxemburgueses são menos fortes do que os seus colegas da mesma idade em matemáticas, ciências e em diversos outros ramos importantes. Além disso, se os jovens não perdem estas línguas quando entram na vida activa, é devido à situação geográfica excepcional do Grão-Ducado, onde os contactos com pessoas de língua francesa e alemã são diários. Em países como a Espanha, a Finlândia ou a França, o esquecimento não demoraria a instalar-se, porque os reflexos condicionados não se mantêm se não forem reforçados regularmente. Qualquer um o constata se ficar alguns anos sem falar uma língua: são as palavras que se esquivam, lapsos que ocorrem quando falha uma relação condicional entre conceitos aparentados, ou um reflexo inibidor e um desvio.


Trilinguismo ou promoção disfarçada do inglês?


Se se quer uma população trilingue, que nível se deve visar? Atingir um nível optimizado nas três línguas pelo simples ensino escolar é impossível, e não é possível financiar estadas linguísticas de longa duração para a totalidade da população. Mesmo o ensino de certas temáticas na língua estrangeira não dá acesso ao nível desejado. Na Suíça, existem liceus que ensinam quatro ramos disciplinares em língua estrangeira durante três anos. O nível dos alunos na língua em questão é certamente bem superior ao que dá o ensino tradicional, mas está de igual modo ainda distante do óptimo. Se nos ativermos às línguas europeias, a única solução realista seria um trilinguismo que comportasse um bom conhecimento da língua materna, um conhecimento imperfeito mas relativamente operacional de uma segunda língua, e uma iniciação a uma terceira língua que permitisse, não propriamente utilizá-la, mas criar uma certa ideia dela, o que, culturalmente falando, se justifica, porque quanto mais se descobrem maneiras diferentes de exprimir os mesmos pensamentos, mais o espírito se alarga.


Infelizmente, este sistema comporta graves inconvenientes. Favoreceria uma desigualdade em favor dos países anglófonos. Com efeito, só se pode comunicar de um país a outro apenas se uma das línguas ensinadas for a mesma para todos. Se não como é que um trilingue português-grego-dinamarquês poderia ter uma troca séria com um trilingue finlandês-alemão-francês? Os pais exigirão, por conseguinte, que a língua aprendida mais a fundo seja o inglês. Quanto aos alunos de língua inglesa, a maior parte estará pouco motivada para saber duas outras línguas, dado que sabem que, onde quer que vão, poderão tratar de tudo na sua língua materna. Ora, o principal factor de sucessos na aprendizagem de uma língua é a motivação. Paradoxo: preconiza-se o trilinguismo para salvaguardar a diversidade, para assegurar um melhor conhecimento mútuo dos Europeus, mas na realidade submetemo-nos à anglofonia, com a consequente impregnação de uma maneira de pensar que não tem nada que ver com as tradições mentais e culturais da Europa continental.


Caminhamos, por conseguinte, não para um trilinguismo generalizado, onde todos estariam mais ou menos no mesmo pé, mas para um bilinguismo mais ou menos efectivo com reforço da desigualdade entre os povos.


Os povos não estão em igualdade face ao inglês: os Germânicos são favorecidos em relação aos Latinos, e os Latinos em relação aos Eslavos e Bálticos. O inglês é fundamentalmente uma língua germânica, por conseguinte parente das línguas escandinavas, do alemão e do neerlandês. Tem muito de comum com estas línguas, não somente a nível do vocabulário básico e da gramática, mas a níveis muito mais subtis. Há um espírito comum às línguas desta família que é estranho às línguas latinas e eslavas. Mas se os falantes de língua românica são desfavorecidos em relação aos germanófonos, eles estão, contudo, numa situação muito mais favorável do que os falantes de línguas da Europa oriental. Uma das dificuldades do inglês é a imensidão do seu vocabulário, que representa mais ou menos o dobro do de uma outra língua europeia, com um enorme contributo francês e latino que se tem acrescentado à base germânica sem a substituir. Não sabe inglês quem não conhece ao mesmo tempo fraternal e brotherly, liberty e freedom, vision e sight. Um Ocidental conhece à partida um dos dois termos, mas não um Húngaro ou um Estónio. A adopção do inglês como meio de comunicação internacional cria uma hierarquia entre os povos: não é democrático.


Uma solução realmente realista


A única possibilidade de evitar um reforço da posição hegemónica do inglês implica uma tomada de consciência quer das autoridades quer dos meios de comunicação social. Infelizmente, esta tomada de consciência defronta-se com uma enorme resistência. O domínio onde vou introduzir-vos agora é um domínio onde os lugares comuns estão bastante em voga, mas onde as pessoas que realmente estudaram o assunto são pouco numerosas. Confio na vossa abertura de espírito e convido-vos a ouvir-me sem ideias preconcebidas. Tudo o que vou dizer se baseia, por um lado, na minha experiência, nomeadamente na minha vivência de criança, e por outro, num estudo dos factos, factos de ordem cultural, pedagógica, linguística, fonética e neuropsicológica. Como se trata de factos, tudo o que vou dizer é perfeitamente verificável, mesmo que eles vos deixem estupefactos. (2)


Existe um trilinguismo realista, isento dos inconvenientes de que tenho vindo a falar até agora: o trilinguismo "língua materna - esperanto - outra língua".


O esperanto é fundado inteiramente sobre o direito de generalizar qualquer traço linguístico. Isto quer dizer, do ponto de vista neuropsicológico, que o esperanto faz a economia de todos os reflexos secundários ou terciários instaurados nas outras línguas para inibir os primeiros reflexos instalados. O aluno que aprende uma outra língua tem a impressão de ser metido num caminho que um sádico encheu de armadilhas, postas lá de propósito para o fazer tropeçar. Ora, a instalação dos reflexos que impedem cair nestas armadilhas representa cerca de 90% do tempo necessário para a aquisição de uma língua. Como, em esperanto, estas armadilhas não existem, a economia em tempos de aprendizagem é enorme. Um mês de esperanto confere um nível de comunicação comparável ao que dá um ano de uma outra língua. Por outras palavras, após seis meses de esperanto, com um número igual de horas semanais, o aluno tem uma capacidade de comunicar que equivale àquela que possui para outra língua, no fim dos seus estudos básicos do sistema de ensino português. Isto quer dizer que é suficiente ensinar o esperanto durante um semestre, quer no fim do primeiro ciclo, quer no início do segundo, para concretizar a primeira etapa: o bilinguismo "língua nacional - língua internacional". Durante todo o resto da escolaridade, o aluno dispõe por conseguinte de todas as horas actualmente consagradas à segunda, para aprender a terceira língua.


Aspectos relacionais e pedagógicos


As possibilidades de atingir um bom nível nesta terceira língua são ainda mais reais porque o esperanto apresenta vantagens consideráveis como ramo propedêutico, ou seja, de preparação ao estudo das línguas. Um Francês que aprende alemão deve desabituar-se de um sistema complexo, rígido e arbitrário para transformar em novos hábitos um outro sistema complexo, rígido e arbitrário. Para passar de «je vous remercie» a «ich danke Ihnen», é necessário alterar os reflexos relativos ao lugar do pronome e os que têm que ver com a natureza directa ou indirecta do complemento de objecto. Se emprego a palavra arbitrário, é porque esta substituição de reflexos não tem nada a ver com exigências de comunicação. Se digo je remercie à vous, o que é a tradução literal da fórmula alemã, vocês compreendem-me perfeitamente. A comunicação passa no que diz respeito ao conteúdo. O que difere da comunicação normal, é que tenho um ar estranho, não estamos em igualdade. É a nível relacional que há problema.


Este nível relacional pode ser importante. Mesmo quando o conteúdo do enunciado é bem transmitido, se se introduzem conotações parasitárias, isso pode ser muito embaraçoso porque os que ouvem informam. Um ministro dinamarquês, a Sra. Helle Degn, quando mal acabava de entrar em funções teve que presidir a uma reunião internacional. Exprimindo-se em inglês, quis dizer: "Desculpe, não conheço efectivamente o processo, acabo de entrar em funções" e disse: "I' m at the beginning of my period" (3), o que quer dizer: "Estou no início das minhas regras". Todos compreenderam, mas o seu prestígio sofreu um revés.


Quando se fala uma língua estrangeira, tem-se frequentemente um ar menos inteligente do que se é. Por conseguinte, se vos digo je remercie a vous, vocês compreendem-me, mas não sou percebido como o que sou realmente, há algo de falseado entre nós. Uma das vantagens do esperanto, é que evita este tipo de problema graças à sua grande liberdade lexical e sintáctica. Em esperanto, pode-se dizer, de acordo com a estrutura francesa "eu vos agradeço", mi vin dankas; de acordo com a estrutura portuguesa europeia "eu agradeço-vos", mi dankas vin; e de acordo com a estrutura alemã "eu agradeço a vocês", mi dankas al vi. Como as três estruturas são igualmente correntes, nenhuma parece estranha. Outro exemplo, relativo desta vez às estruturas lexicais. Em francês, posso dizer «vous chantez merveilleusement», mas não tenho o direito de aplicar a mesma estrutura aos conceitos ` musique' e ` beau': «vous musiquez bellement» é compreensível, mas incorrecto. Em esperanto, do mesmo modo que se pode dizer vi kantas mirinde "tu cantas maravilhosamente", pode dizer-se vi muzikas bele ou vi bele muzikas. Noutros termos, a criança que estuda esperanto aprende a exprimir o seu pensamento de acordo com formas muito mais variadas do que em qualquer outra língua, e sem estar a fazer a experiência pedagogicamente desfavorável do erro. Há o alargamento do sentido linguístico e da criatividade da linguagem sem sensação de malogro.


É extremamente agradável e animador, posso testemunhá-lo. O esperanto foi a minha primeira língua estrangeira, foi ele que me deu o gosto das línguas. Outra vantagem psicológica do esperanto é que não obriga a adoptar outra identidade. Aprender a pronunciar inglês, é aprender a macaquear os anglo-saxões. Muitos jovens que fazem fisicamente tudo o que é necessário para pronunciar convenientemente não chegam lá devido a um bloqueio psicológico. Para imitar a pronúncia inglesa, é necessário renunciar aos seus hábitos linguísticos na maneira de colocar a língua, os lábios, o véu palatino, etc. Isto é frequentemente vivido como uma perda de identidade. Em esperanto, todos têm um acento estrangeiro, e variações muito grandes de pronúncia são consideradas como completamente normais. A experiência prova que contrariamente ao que se passa com o inglês, não prejudicam a compreensão, por razões de fonética que seria demasiado longo expor aqui. Dito de outro modo, o esperanto antes de outra língua é como as solfas antes do concerto ou a ginástica antes do esqui, é um meio para atacar a sério a articulação entre dois sistemas rígidos e arbitrários. A experiência prova que é um meio eficaz. Uma classe que faz um ano de esperanto seguido de cinco anos de alemão chega ao mesmo nível, em alemão, que uma classe que fez seis anos de alemão. Não perdeu nada.


Se as nossas autoridades, os nossos representantes no Parlamento Europeu e nos Parlamentos nacionais, os partidos políticos, a elite universitária, económica e cultural quiserem realmente que os Europeus guardem a sua diversidade linguística, conservem a sua identidade mantendo um acolhimento tolerante para as diferentes identidades, alarguem os seus horizontes culturais e comuniquem entre si, independentemente do seu país, com a mesma facilidade da sua língua materna, eles reconhecerão que o trilinguismo "língua materna - esperanto - outra língua" apresenta-se como a única solução realista. É a conclusão à qual se chega quando se atenta de perto sobre como as coisas se passam realmente. Insisto nesta obrigação de olhar a realidade porque o discurso sobre as línguas, tal como se desenrola nos ministérios, nas instâncias europeias e nos meios de comunicação social, não se baseia quase nunca no estudo da realidade. Minimiza a importância da deficiência linguística na vida corrente, minimiza grandemente a dificuldade das línguas, faz de conta que não sabe e age como se o esperanto fosse uma ideia, um projecto e não uma realidade linguística fácil de observar.


A fórmula que eu proponho é por conseguinte a única realista no plano do conteúdo, no plano técnico, se assim se pode dizer. Infelizmente, temo que não seja ainda realista do ponto de vista socio-politico-psicológico. Por um lado, as forças sociais que empurram para o monopólio do inglês são extremamente potentes. Têm que ver com o poder, com a situação social, com interesses económicos, mas também com factores tão influentes como a moda e o snobismo. Por outro lado, há uma resistência tenaz em abrir o dossiê "esperanto". É um domínio onde as pessoas altamente colocadas, mas também, frequentemente, os jornalistas, e muitos linguistas, julgam sem olhar aos factos, como se soubessem adiantadamente tudo o que há a saber, como se se pudesse fazer uma ideia da natureza e do funcionamento do esperanto, bem como da cultura que lhe está associada (4), sem documentar-se e sem observar como ele ocorre onde é utilizado.


No entanto, o desafio é enorme, tanto no que diz respeito aos valores que representam a diversidade linguística como à igualdade entre os povos, e por conseguinte à democracia. Muitos têm consciência da importância deste desafio. Mas os que se esforçam por informar-se seriamente sobre os diferentes meios para fazer-lhe face, estudando como as coisas se passam na prática, e fazendo as comparações sem as quais não se pode ter uma visão objectiva da realidade, são, infelizmente, extremamente pouco numerosos. Felizmente, como dizia Lincoln, pode-se esconder uma parte da verdade, a uma parte da população, durante uma parte do tempo, mas não se pode esconder toda a verdade, a toda a população, durante todo o tempo. Uma tomada de consciência pode por conseguinte surgir de maneira inesperada e, uma vez efectuada a tomada de consciência, as coisas podem avançar muito rapidamente. Quem sabe se, proclamando o ano 2001 "Ano europeu das línguas", o Conselho da Europa não tomou a iniciativa que era necessário para estimular finalmente a investigação conscienciosa da verdade, e por conseguinte das soluções que saem fora dos caminhos já esgotados?


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1. Claude Hagège, "Une langue disparaît tous les quinze jours", L'Express — Dossier, 3/11/00.
2. Claude Piron, "Le défi des langues - Du gâchis au bon sens", Paris : L'Harmattan, 2ème éd. 1998. Veja tambàm "Linguistic Communication - A Comparative Field Study", "Communication linguistique: étude comparative faite sur le terrain".
3. Jyllands Posten, 14 janvier 1994 ; Sprog og erhverv, 1, 1994.
4. Claude Piron, "L'espéranto - L'image et la réalité", Paris : Universidade de Paris-8, 1987, pp. 12-15. Veja também Claude Piron, "Culture et espéranto" , SAT-Amikaro, n° 393, Março 1984.


Traduzido do francês pelo tradutor automático do motor de busca Alta Vista,
com supervisão (e adaptação) de Luís Ladeira.


Claude Piron (Namur, 1931) - Psicólogo suíço, com grande interesse pelas línguas, diplomado pela Escola de Intérpretes de Genebra. Foi tradutor das Nações Unidas de 1956 a 1961 (do inglês, chinês, espanhol e russo para o francês). Trabalhou posteriormente 8 anos para a Organização Mundial de Saúde, em especial na Ásia Oriental e África. Especializado em Psicanálise e Psicoterapia começou a praticar psicoterapia em 1969 na região de Genebra (desde 1999, em Gland). Ensinou na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, da Universidade de Genebra, de 1973 a 1994, ano em que se reformou. A sua principal actividade actual, para além da psicoterapia, é treinar jovens psicoterapeutas, apreciando-lhes o trabalho e participando em seminários de treino. Faz frequentes conferências sobre problemas psicológicos e (menos frequentemente) sobre comunicação internacional e esperanto. A sua obra Le défi des langues, que é até certo ponto uma psicanálise da comunicação internacional, foi editada pela L´Harmattan (Paris), em 1994, e em português - "O desafio das línguas" - pela Fontes (Campinas, São Paulo) em 2002. Publicou, em esperanto, oito romances, várias novelas, poesia e uma cassete de canções. Publicou, em diversas línguas, artigos sobre comunicação intercultural e internacional e sobre psicologia. É autor e co-autor de quatro livros de psicologia em língua francesa.